“Hoje vou”...
...”Dar uma”.
Estou farto da grande maioria dos temas de conversa que me vejo obrigado a suportar nos meus encontros “sociais” diários. Aqui há tempos, depois de uns copos mal bebidos, tive que aturar a exposição das aventuras empoladas de um colega meu. A determina altura, enquanto demonstrava verbalmente a sua masculinidade, disse que tinha “dado quatro”. Fiquei a pensar no tema “dar”, dar uma, dar duas, dar três, dar quatro, e no conjunto de questões que de imediato se me levantou:
Como se faz essa contabilização? Quando começa a primeira e acaba a segunda? Só há números inteiros nesse “dar”? Não há meios números nem se aceitam decimais? Se o meu colega deu quatro e a outra pessoa só recebeu meia, pode, ainda assim, contabilizar-se quatro? Ou, é mais correcto dizer-se “ele deu quatro e ela recebeu meia” e depois seguir-se uma equação quântica e complexa para chegar a um número inteiro que seja razoável para ambas as partes? A primeira inclui ramo de flores e jantar ou nada disso deve ser contabilizado? E quanto à duração do “dar uma”, se a segunda demora mais tempo que a primeira será que esta deverá, ainda assim, ser integralmente inserida nos cálculos? Depois há aqueles que “dão quatro” em uma hora e outros que “dão uma” em quatro horas. Fica difícil de compreender tanta discrepância!
Já mais ninguém se entende nas conversas de café quando o tema é o “dar uma”. E eu fico irritado com tanta falta de rigor. O tema “Dar uma” tem ainda mais falta de rigor que o nosso orçamento de estado. Não se pode viver assim!
Normalização! Temos que normalizar e regular. Proponho a criação da medida “Uma” para evitar esses enganos e a falta de rigor que para aí existe. A partir dessa regulamentação passaremos todos a falar a mesma linguagem: “Hoje vou ‘dar quatro’ em unidades de media ‘Uma’”. Só com esta normalização se conseguirá aferir do verdadeiro esforço, destreza e mérito de quem “dá quatro vezes Uma” em uma hora ou de quem “dá uma vez Uma” de quatro horas.
Estou farto da grande maioria dos temas de conversa que me vejo obrigado a suportar nos meus encontros “sociais” diários. Aqui há tempos, depois de uns copos mal bebidos, tive que aturar a exposição das aventuras empoladas de um colega meu. A determina altura, enquanto demonstrava verbalmente a sua masculinidade, disse que tinha “dado quatro”. Fiquei a pensar no tema “dar”, dar uma, dar duas, dar três, dar quatro, e no conjunto de questões que de imediato se me levantou:
Como se faz essa contabilização? Quando começa a primeira e acaba a segunda? Só há números inteiros nesse “dar”? Não há meios números nem se aceitam decimais? Se o meu colega deu quatro e a outra pessoa só recebeu meia, pode, ainda assim, contabilizar-se quatro? Ou, é mais correcto dizer-se “ele deu quatro e ela recebeu meia” e depois seguir-se uma equação quântica e complexa para chegar a um número inteiro que seja razoável para ambas as partes? A primeira inclui ramo de flores e jantar ou nada disso deve ser contabilizado? E quanto à duração do “dar uma”, se a segunda demora mais tempo que a primeira será que esta deverá, ainda assim, ser integralmente inserida nos cálculos? Depois há aqueles que “dão quatro” em uma hora e outros que “dão uma” em quatro horas. Fica difícil de compreender tanta discrepância!
Já mais ninguém se entende nas conversas de café quando o tema é o “dar uma”. E eu fico irritado com tanta falta de rigor. O tema “Dar uma” tem ainda mais falta de rigor que o nosso orçamento de estado. Não se pode viver assim!
Normalização! Temos que normalizar e regular. Proponho a criação da medida “Uma” para evitar esses enganos e a falta de rigor que para aí existe. A partir dessa regulamentação passaremos todos a falar a mesma linguagem: “Hoje vou ‘dar quatro’ em unidades de media ‘Uma’”. Só com esta normalização se conseguirá aferir do verdadeiro esforço, destreza e mérito de quem “dá quatro vezes Uma” em uma hora ou de quem “dá uma vez Uma” de quatro horas.
Com tal, talvez aparente, falta de rigor, fico na dúvida se o problema é mesmo de aferição ou se, e só eu é que não sei, convivo com um bando de super-homens. Como já não há mais mares para conquistar e o mundo sideral está tão longe dos portugueses, vamo-nos dando a estas conquistas ilusória e de enche egos nos cafés. Estou farto desta sociedade entediante.